TSE debate desafios da IA e da desinformação para a Justiça Eleitoral
Tema foi discutido durante o IV Encontro Nacional de Comunicação da JE

O uso da inteligência artificial (IA) na disseminação de desinformação e os impactos dela sobre a democracia foram alguns dos principais temas debatidos no IV Encontro Nacional de Comunicação da Justiça Eleitoral, realizado nesta sexta-feira (27). Participaram da discussão a assessora da Presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Estela Aranha; a ouvidora do TSE, desembargadora Iracema do Vale; a secretária de Direitos Digitais do Ministério da Justiça, Lilian Manoela Cintra de Mello; e a advogada Marilda Silveira.
Durante o encontro, as palestrantes discutiram o desafio de identificar e conter conteúdos falsos que circulam durante o processo eleitoral, especialmente aqueles que afetam a liberdade de escolha dos eleitores e comprometem a igualdade de condições entre candidaturas. Foram destacados mecanismos já implementados pelo TSE, como o Centro Integrado de Enfrentamento à Desinformação e Defesa da Democracia (Ciedde) e o Sistema de Alerta de Desinformação Eleitoral (Siade), que têm como objetivo promover eleições mais justas e transparentes.
“É importante ter a comunicação como linha de frente democrática. O desafio não é só checar fatos. Isso é muito importante, mas não é mais suficiente. É preciso compreender as narrativas falsas, porque elas são eficazes. [É necessário] compreender como envolvem e chegam até o público e como vamos combatê-las”, afirmou a assessora Estela Aranha.
Ela defendeu ainda o uso de uma linguagem uniforme por meio do diálogo democrático e capaz de combater a polarização, a radicalização e o discurso de ódio. “Temos de cuidar da integridade das eleições e ter uma articulação com os estados e tribunais regionais eleitorais e dar uma uniformidade às informações para os eleitores”, pontuou.
Parcerias e estratégias
A secretária Lilian Manoela Cintra de Mello destacou a importância de serem estabelecidos protocolos e parcerias com agências de checagem e profissionais da comunicação. “É preciso trazer essa noção de confiança e tentar tirar um pouco dessa opacidade entre o que é verdade e o que é mentira.”
Ela também ressaltou que ferramentas como o Siade e o Ciedde funcionaram, nas últimas eleições, como canais de denúncia e estarão à disposição nas próximas.
“Tem canal também na Ouvidoria, e são denúncias e comunicações que precisam chegar de forma muito rápida e imediata. Além disso, também tem uma estratégia jurídica importante de retirada desses conteúdos e punição dos agentes envolvidos, que estão fazendo isso muitas vezes de forma ilícita ou com uma má-fé muito facilmente identificada”, afirmou a secretária.
Hiperconexão e confiança no processo eleitoral
A discussão também abordou os impactos da hiperconexão e da digitalização no comportamento dos eleitores. O Brasil tem, em média, 2,2 dispositivos digitais por pessoa e é o terceiro maior país em uso de redes sociais no mundo. Segundo a advogada Marilda Silveira, esse cenário digital tem grande influência sobre a democracia e o processo eleitoral.
“Desafios como deepfakes, automação de interações em massa, perfilamento de usuários e amplificação de conteúdos em bolhas informacionais exigem atenção. Esses fenômenos se conectam à proteção de dados pessoais e, sobretudo, à confiança no sistema eleitoral”, destacou.
Ela defende que, diante de um ambiente digital cada vez mais complexo, a comunicação institucional deve acompanhar as transformações tecnológicas e sociais para não se distanciar da população.
“Um dos maiores desafios é justamente preservar essa confiança. Em um cenário de desinformação e crise institucional, cabe aos profissionais da Justiça Eleitoral atuar com agilidade e transparência, mostrando à população que todas as medidas de segurança estão sendo tomadas para garantir a integridade do processo democrático”, concluiu.
*Com informações da assessoria de comunicação do TSE.